No direcção Pedras Negras – Pinheiros Mansos olho para o lado e avisto um felino que nos tempos passados deve ter sido um doméstico e que trocou a responsabilidade e o ambiente confortável do lar e do seu papel de guarda de ratos e aquecedor de pés pela liberdade e contacto da natureza. Poder tornar-se um antepassado, e seguir os linces ibéricos em busca de roedores saborosos que se propagam pela mata a dentro.
Segui caminho, atravessando o nevoeiro espesso passando de talhão em talhão pela mata nacional, onde cheguei ao famoso quatro caminhos, olhei à direita, e lancei os meus olhos de lince para o pinheiro solitário, o Sementeiro da zona e lá estava ela, aquela ave de rapina, linda, meditando na enorme braça.
Parei o carro, desliguei o motor para não fazer barulho e lancei mato a dentro armado em camalhão perito, e naquele momento convencido que o Ser estava meditando na direcção de São Pedro, e zuca... Afinal o tipo tinha um olho no burro e outro no cigano! Moi!! Ehehe com certeza!! Lançou-se num voo rápido, deu umas voltas no ar espesso e carregado de humidade, como dizendo VI-TE eheh e deslizou num voo soberbo pelas copas verdes do talhão sul dos quatro caminhos.
Após aquele encontro imediato, segui rumo à ponte nova e dei de frente com um bando de corvos brincalhões, que ao me verem pararam à minha frente, tirei a máquina e fugiram para trás do carro, fiz marcha à trás e apontei a máquina, e como num gozar de aves negras que de sinal de morte não têm nada, fugiram para a frente do carro, foi um momento de “toque e foge” eheh e quem estivesse a observar aquela cena devia estar a pensar o que um palhaço está a fazer para frente e para trás eheh
Pronto, foi uma hora rica naquela manhã de nevoeiro, e na qual tive a sorte de captar uns belos seres vivos que aproveitam bem as manhãs para as suas tarefas diárias de sobrevivência...